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Bestialidade [Parte 1]
Eu sempre percebi que tinha algo de errado dentro de mim. Desde que me entendo por gente tinha um

temperamento difícil, propenso a ataques de fúria e birras. Quando criança, em todas as escolas por onde passei, era descrito como o famoso "encrenqueiro" da turma, me metendo em brigas e confusões

praticamente todos os dias. Não é necessário dizer que fui expulso de quase todas as escolas em que estudei. Meus pais tentavam de verdade me controlar, mas cada medida tomada era respondida com um novo problema criado. Quando eu tinha por volta de quinze anos, meus pais decidiram tentar um novo tratamento hormonal que dizia-se diminuir os níveis de hormônios que deixavam o jovem, digamos, agitado. Durante muito tempo eu me senti muito mais calmo e parei de me envolver em problemas e brigas idiotas. Graças a isso, minha qualidade de vida aumentou drasticamente. Focando meus esforços nos estudos descobri que era um cara inteligente, tendo extrema facilidade em aprender as matérias e me dar bem nas provas.

A vida acadêmica ia às mil maravilhas e, no devido tempo, terminei meu ensino médio e entrei pra uma ótima universidade. Em meu primeiro ano como universitário conheci Lizzie, e minha vida estava a ponto de mudar novamente. Lizzie era o perfeito exemplar de mulher. Linda com seus longos cabelos ruivos e ondulados, olhos castanhos e enigmáticos, sorriso branco e alinhado que enfeitiçava a todos que olhavam. Lizzie não era apenas linda, era também extremamente inteligente, tendo sido aprovada no curso de psicologia entre as primeiras colocações. Me apaixonei por Lizzie avassaladoramente. Rapidamente criamos um forte vínculo tanto dentro quanto fora da universidade. Tínhamos muito em comum e nossas conversas corriam naturalmente, sem qualquer esforço. Assim como eu, Lizzie tivera uma adolescência complicada, sendo também vítima de constantes ataques de fúria que acabaram por lhe render o mesmo tratamento a que eu fora submetido. Trocamos experiências relatando como nossas vidas foram até ali e o quanto tinham mudado após o tratamento. Assim como eu, Lizzie também havia descoberto seu intelecto após sua melhora, tendo um grande aumento em suas notas. Começamos a namorar duas semanas após nos conhecermos e decidimos sair dos dormitórios da faculdade e morarmos juntos três meses depois.


Nossa vida era perfeita em todos os sentidos. Nosso desempenho nas aulas certamente nos confeririam um brilhante futuro pela frente, tínhamos ótimos amigos e até gostávamos de nossos empregos de meio expediente no cyber-café próximo ao campus. Cerca de oito meses após nos mudarmos, a bela vida que levávamos começou a ruir. Naquela fatídica manhã estávamos no lotado metrô a caminho da faculdade para nossa primeira aula quando um homem, nitidamente irritado pela lotação do transporte, achou por bem me empurrar mais do que era necessário. Minha primeira reação foi apenas a de empurrar de volta, tentando me estabilizar numa posição confortável e evitar que Lizzie ao meu lado fosse ainda mais espremida. Não satisfeito o homem me acotovelou em minhas costelas e empurrou-me com mais força, agora xingando em voz baixa e furiosa. Uma sensação que não experimentava há quase 4 anos tomou conta de mim. Meu corpo começou a tremer involuntariamente. Minha visão ficou embaçada e assumiu um pesado tom de vermelho. Meu coração acelerou bombeando uma quantidade absurda de sangue por todo meu organismo. Meus músculos contraíram-se ao máximo e tudo o que eu conseguia pensar era no quanto eu gostaria de dilacerar aquele homem com minhas próprias mãos. Para minha sorte, ou assim eu pensava, nossa estação chegou em seguida e eu pude descer antes que perdesse total controle sobre minhas ações. Lizzie, percebendo que algo estava errado, levou-me a um dos bancos da estação para que me sentasse, quando...nada.

Eu abri meus olhos e estava em um longo beco escuro e sujo. Já era noite, e meu relógio informava 23:30 horas. Chocado e perdido, olhei em volta procurando me orientar. Uma placa no início do beco me informou que eu estava há poucas quadras de meu apartamento. Mas como eu havia ido parar ali? Onde estava Lizzie? O que havia acontecido com todo o meu dia? Caminhando desnorteado na direção da entrada no beco, tropecei em algo e,ao olhar para baixo, o que eu vi fez minhas entranhas borbulharem: o mesmíssimo homem do metrô estava lá, banhado em sangue. Seu abdômen aberto, deixava à mostra suas vísceras derramadas sobre o chão sujo, com sua expressão congelada em seu rosto, demonstrando puro terror. Lentamente me ajoelhei e cobri meus olhos com as mãos temendo um desmaio. Nesse momento notei meu estado. Roupas rasgadas, cobertas de sangue, minhas mãos esfoladas e rubras, cobertas de sangue até meus cotovelos. Com um urro me pus a correr alucinadamente na direção de meu apartamento com um peso em meu coração me perguntando onde diabos estava Lizzie?


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