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Bicicleta Rosa [PARTE 1]
Parte 1
O cheiro da morte, do sangue e das entranhas varreu aquela cidade. Mas a história não começa aí. A história começa com uma jovem e uma bicicleta. Uma bicicleta rosa.
O dia estava claro e límpido para Rafaela, uma bela jovem morena dotada de profundos olhos verdes e sorriso sempre singelo, estava imensamente feliz, pois comemorava mais um aniversário. Mas este era especial, porque completaria 18 anos e poderia morar perto da faculdade num lugar mais espaçoso, mais próximo aos comércios e quem sabe, tirar sua carteira de motorista. Mas quanto a isso, Rafaela sabia o que a realizaria de verdade. Rafaela não queria um carro ou uma moto como muitos jovens de sua idade. Seu sonho mesmo era ter uma bicicleta, daquelas grandes com direito a buzina e lanterna, algo que nunca pôde ter na infância devido morar em um apartamento de baixo custo que mal oferecia vaga para um veículo curto. Seu sonho, mesmo que bobo aos olhos de outrem, estava mais perto de se tornar realidade.

Rafaela já estava morando sozinha e economizando para poder pagar o aluguel, tanto que ia de a pé para a faculdade, e assim, economiza o da passagem, e foi em uma dessas caminhadas que ela por acaso viu na vitrine de uma loja de antiquários uma linda bicicleta rosa de tinta brilhante, com cesta, buzina e farol original de vidro. Os detalhes cromados conferiam um aspecto lúdico. Parecia que havia acabado de ser fabricada. Foi paixão à primeira vista. Como ela nunca percebeu esta loja lá? Culpa da vida moderna talvez, mas com certeza seria um grande dia. Ao entrar na loja, o cheiro de madeira e de couro era evidente. O dono gastara uma grande fortuna para criar um local tão clássico como aquelas velhas lojas de departamento dos anos 40, rústica, mas extremamente elegante. Até mesmo os funcionários trajavam um uniforme social daquela época, tamanha foi a ambientação que Rafaela imaginou um preço altíssimo por um item tão único. Rafaela riu, então o vendedor pediu licença, foi aos fundos, e voltando rapidamente, completou: Rafaela nem acreditava. Ela olhou, olhou e olhou mais ainda. Era perfeita, linda e de boa qualidade, mas por apenas $120,00? Seria roubada? Até poderia ser, se o fiscal local não tivesse confirmado que se trata de um produto legítimo e idôneo. Estava feito. A bicicleta rosa era um sonho realizado. E para completar, parecia que ela havia nascido pedalando já, pois não teve dificuldade alguma em se manter em equilíbrio e correr contra a brisa de verão. Estava tudo perfeito. Um sonho era real e nada mais podia abalar Rafaela. Mas assim que pisou o pé fora da loja, uma ligação mudou tudo: uma voz trêmula do outro lado da linha anunciava aos prantos a morte repentina de seu irmão caçula. Ao tentar pegar sua bola de futebol, caíra em direção ao terreno do lado que estava em obras. Morreu empalado fatalmente pelas vigas de aço expostas de uma fundação. Rafaela estava inconsolável, pois sempre cuidou de Nícolas com tanto carinho que nada a havia preparado para isto. Ela teve de enterrar aquele qual ela nunca mais poderia abraçar. A vida seria mais amarga a partir de agora, e ela precisava mais que nunca, espairecer, e seu escape eram as pedaladas noturnas. Todos os dias ela andava pelas calmas ruas de sua cidade apenas admirando o silêncio e a brisa da noite, e foi em um dessas pedaladas noturnas que Rafaela acabou atropelando Denis, um dos estudantes de TI de sua faculdade. Foi apenas um susto e alguns ralados, mas a conexão dos dois foi imediata e dias depois, já estavam namorando.
Depois de 2 anos juntos, eles resolveram que deveriam se oficializar a relação de forma permanente, e o casório então foi marcado. Rafaela comprou o vestido mais lindo, azulado, da cor do céu, e o noivo, vestido num terno azul-marinho lustroso como um velho marinheiro galante em dia de festa. O dia estava chuvoso, mas isso deixou a festa ainda mais charmosa. Chegava a hora do grande matrimônio. Denis queria fazer uma surpresa e pediu para a dama de honra trazer as alianças na cestinha da bicicleta rosa, como um gesto simbólico, e pra isso, escondeu-a num pilar perto dele, um pouco atrás das cortinas de decoração. O piano começou a famosa música da marcha nupcial.

"Tã tã tã tãããã, Tã ta tã tãããã...Tã tã tã tããã tã tã tã tããã tãtãrããã…" - CATUMMMBLOWWWWWW

A música foi interrompida violentamente. Houve uma explosão no gerador de energia ao lado do pilar por conta de uma goteira que causou um curto-circuito e isto arremesou um dos aros da bicicleta escondida diretamente para cima do noivo. Denis levou uma pancada tão forte na traquéia que seu pescoço se destroçou por dentro, e deixou esta parte molenga como um tubo de borracha, e que agora não mais sustentava sua cabeça. E nem sustentava a vida. O noivo estava morto.
Rafaela entrou em choque. Seria uma maldição qie jogaram nela?

Rafaela estava muda enquanto via os legistas retirarem o corpo de seu falecido amado, e foi nisso que reparou num canto escuro, próximo a uma árvore. A bicicleta rosa estava ali, inteira, intacta, mas...quem a montou? Ainda mais diante de tal tragédia. Tudo fazia sentido agora: desde o primeiro momento em que a bicicleta entrou em sua vida, tragédias se seguiram. "Me venderam uma bicicleta amaldiçoada", pensou ela. Mas não. Não, mesmo. Devia ser paranoia, afinal, objetos amaldiçoados são fruto de mentes mirabolantes do cinema, algo fictício e inconcebível num mundo moderno.

Parte 2: Será publicada amanhã, 24/09/2020, ás 19h

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