Header Ads

Seu Cabral, do 566
Originalmente postado na FASE 10 do Grito de Horror

Eu havia me mudado há pouco tempo para aquela cidadezinha pacata, no interior de Minas. Não era uma grande São Paulo, mas era bem urbanizada. Aluguei um apê de frente para a mata, para ver os pássaros e outros animais silvestres. Mas desde o primeiro dia, algo me tirava a paciência: o vizinho do apê 566, do andar de cima, seu Cabral, que também era o síndico do prédio, deixava o maldito som de música clássica ligado o dia e a noite inteirinha, e isto foi me incomodando por quase um mês, mais ou menos, até que chegou a hora em que eu não suportei mais ficar calado. Subi até o andar de cima e estranhei, pois conforme eu me aproximava, o som ia diminuindo. Talvez o velho Cabral tivesse escutado meus passos, já que o piso do prédio é feito de madeira tão antiga quanto meu avô. Ao bater na porta e chamar por alguém, não obtive resposta. Bati insistente, mas ninguém respondeu. Nisto, no âmbito de minha raiva, mas querendo resolver da melhor forma possível, resolvi chamar a polícia.

Esperei alguns bons minutos, até que ouvi uma sirene ao longe, então me dirigi para descer até a portaria. A minha surpresa foi quando, ao receber os policiais, fui algemado e conduzido para delegacia, pois ao puxarem a minha ficha, descobriram que haviam feito várias denúncias contra mim, alegando “perturbação pública”. Minha mente estava deslocada, pois eu era um ótimo vizinho, não incomodava ninguém. Fiquei perplexo. E após, as coisas ficaram ainda mais tensas na delegacia, pois ao conversar com o delegado, o mesmo me fazia perguntas desconexas, como se eu era ou já fui usuário de algum tipo de droga ou se tinha algum problema psicológico, o que respondi negativamente. Eu pedi para ele me levar de volta e conversar com meus vizinhos, para eles confirmarem que sou um ótimo inquilino e nunca arrumei nenhum tipo de confusão. Ele olhou para seu assistente e acenou levemente com a cabeça, dando sinal para fazer o que pedi.

Ao chegar novamente no prédio, entrei (ainda algemado) e fui procurar pelo Sr. Pedro, da portaria. Estranho eu morar por tantas semanas ali e não reparar o quanto o local estava deteriorado. Jurava que no lugar daquele buraco no piso, havia um lindo vaso de cerâmica indiano, e as paredes não estavam pretas e imundas. Mas comecei a me desesperar perante os policiais, pois chamei um a um de meus vizinhos e ninguém respondeu. Parecia que todos haviam saído. O delegado olhou fixamente para mim e acenou com um tom de decepção. Eu jurei para ele que os vizinhos confirmariam que não sou louco ou usuário de drogas. Pedi para esperar mais algum tempo até algum deles chegarem. Mas o delegado chegou perto de mim, olhou em meus olhos e começou a falar. Senti um calafrio que nunca havia sentido em minha espinha, quando ele lentamente disse:


Autor: Alex Lupóz
Comente caso tenha gostado! Me sentirei estimulado para fazer mais ♥

ATENÇÃO
Esta obra é exclusiva do site Grito de Horror e de projetos paralelos dos redatores e NÃO deve ser veiculada por terceiros sem autorização e que não seja por meio de link direto à este site (embed). Caso o faça, cite a fonte original no início do texto(www.gritodehorror.com.br). Temos ferramentas e bots para busca deste conteúdo em outras redes. Caso seja encontrado, o infrator estará sujeito as penas da lei que cobrem os direitos autorais dos autores de nossa equipe de redatores.
Agradecemos quem tiver a idoneidade de compartilhar o post original copiando o link desta postagem ou utilizando os botões abaixo

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.