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Crianças Possuídas em Vila Maria
Quando eu era criança, eu morava numa vila pequena na divisa do Amazonas com o Acre. A pequena e extinta Vila Maria. Extinta, pois em 1987 ela deixou de existir, graças a um acontecimento estranho.
(Para não dizer terrível.)

Era mais um dia comum e ensolarado na vila. Eu tinha 15 anos e ajudava minha mãe a fazer o almoço. Mas naquele dia, começou o fim da Vila Maria.
Pouco depois de meio dia, duas menininhas, filhas do pescador seu João, encontraram no mato um pequeno vaso de barro. Tipo um jarro.
O vaso tinha o formato de uma serpente, com algumas inscrições na lateral. Elas exibiram o achado pela vila toda e quando anoiteceu, elas colocaram o vaso na janela da cabana, com algumas flores dentro.

No dia seguinte, o vaso estava quebrado no chão da praça da vila. Ninguém sabia quem havia quebrado o vaso, mas as meninas ficaram desoladas. Durante o dia, foi impossível consolar as meninas, porém durante a noite, elas dormiram feito anjos.

Não sei dizer ao certo quando aconteceu, mas algo mudou na vila durante os meses que se seguiram ao vaso quebrado. Ninguém notou no início, mas uma a uma, as meninas da vila começaram a ir brincar na mata, longe da vista de todos.
Começaram a aparecer animais mortos de forma cruel nos arredores da vila. Os donos dos animais mortos ficaram furiosos, mas ninguém sabia o que fazer, pois ninguém sabia como eles haviam morrido. Demorou cerca de três meses para aparecer a primeira garota possuída.
Fernanda, filha do padeiro, ela tinha 6 anos, era loira e tinha olhos verdes, porém, estava diferente naquele dia. Sua voz angelical e suave de criança, estava mais profunda e grave, como de fosse varias mulheres falando através do corpo dela.
E também havia o sangue. Muito sangue.
Fernanda andava tropega, emitindo sons estranhos. Então, ela estremeceu e caiu de joelhos. Seu pai foi chamado, mas quando se aproximou da filha, ela vomitou uma golfada de vermes na cara dele.
Todos se surpreenderam ao ver aquilo.
Eu berrei de nojo e susto.

As providências foram tomadas, e alguns dos moradores da vila levaram a jovem Fernanda para o hospital da cidade vizinha.
Com Fernanda longe da vila, outras meninas comecaram a agir de forma estranha:
Noemi passou a andar de gatinhas e a se retorcer como um lagarto, enquanto que Sara atacou e matou a dentadas seu cachorro de estimação em um ataque de raiva sem motivo.

A noite, podia-mos ouvir passos dentro de nossas casas.

A vida na vila se tornou um pesadelo constante. A cada dia, mais e mais crianças começavam a agir de modo estranho, mordendo amigos e familiares, andando de maneira estranha, comendo lixo ou com vermes saindo de sua pele.

A noite, éramos atormentados por alguém que, dentro de todas as casa da vila ao mesmo tempo, derrubada coisas, andava a Passos pesados e gargalhava.

O medo tornou-se um companheiro constante. Em poucos dias, uma das garotinhas da vila matou e canibalizou seu próprio irmão e em seguida correu para casa, apenas para voltar momentos depois, com a arma do pai, com a qual ela matou sua mãe e seu pai, para em seguida se suicidar com um tiro na cabeça.
Pedaços de cérebro se espalharam para todo lugar, as mulheres mais velhas gritaram e correram, enquanto outras crianças rastejaram até os corpos mortos e começaram a comer sua carne.
Eu não aguentei e entrei em pânico.
Tudo ficou escuro e fui perdendo os sentidos enquanto ao longe, alguém gargalhava.
Não demorou muito para que algumas famílias, incluindo a minha, começassem a fugir da vila. Após seu Marcelo ter perdido um braço por causa do ataque de duas crianças, meus pais decidiram fugir da vila.
Saímos de noite, na velha combi do meu pai. Mas a fuga não foi tranquila. Várias das crianças começaram a correr atrás da combi com uma velocidade surreal.
Elas estava correndo como os cães correm, babavam um líquido negro e viscoso, sujas de sangue, vermes caiam de suas peles e elas gritavam com voz gutural.

As árvores cantavam sobre a combi, então, uma criança saltou sobre a janela do passageiro, mordendo o braço de minha mãe. Era Fernanda, que aparentemente havia fugido do hospital e retornado para a vila.
Ela literalmente arrancou um pedaço do braço de minha mãe. Em pânico, eu ajudei meu pai a empurrar ela para longe de minha mãe. Com minha mãe sangrando, a pessima estrada no meio da mata e os sons terríveis de crianças correndo e gritando nos arredores da estrada, a situação não podia ficar pior.
Até que tudo piorou de vez.
As árvores pareciam se mover e esticar os galhos na direção da combi, tudo caiu em um silêncio profundo, que era pior que o grito das crianças, interrompido apenas pelo ruído do motor da combi.

Então, subitamente, minha mãe soltou um grito rouco e gutural, começou a babar um líquido negro e sacou a espingarda do meu pai, que estava de baixo do banco e atirou na cabeça do meu pai. A combi perdeu o controle e bateu numa árvore. Desmaiei. Não sei quanto tempo fiquei desacordada, mas quando acordei, estava deitada ao pé de uma árvore, longe dos destroços da combi, ao meu lado, estava o cadáver de minha mãe. Parece que foi suicídio.

Chorei muito pois minha vida havia acabado.

Vaguei pela mata por um bom tempo, antes de voltar a ouvir os gritos das crianças ecoando pelo ar. Em pânico, corri pela mata a esmo e sem rumo algum. Não sei ao certo quando adormeci, mas em algum momento, não consegui ir adiante, apesar de ainda escutar ao longe as vozes das crianças.

Quando acordei, estava no fundo de um barco, na companhia de um índio idoso.
O índio me preparou um chá calmante e me levou de barco para uma cidade próxima.
Muito tempo se passou, e eu tentei seguir com minha vida da melhor maneira que consegui. Sempre que possível, eu procurava na internet por notícias sobre Vila Maria, porém sem nunca encontrar nada.

Até hoje, eu ainda ouço as vozes das crianças, gritando em minha cabeça

Texto concedido pela digníssima Amanda Ferreira. Que seu cabelo sempre esteja brilhoso

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